No interior, especialmente
em Coruripe, Cidade com cerca de 55 mil habitantes a violência tem feito nos
últimos anos centenas de vítimas, são casos que vão desde a violência doméstica
contra a mulher praticados pela própria família ,até homicídios ocorridos nas
ruas envolvendo jovem das classes baixa e média, a idade varia entre 13 e 19 anos.
Só nesse primeiro semestre
foram executadas cerca de 33 pessoas em Coruripe. A maioria é jovem entre os 15
e 18 anos, o crescimento do tráfico tem como saldo o aumento de crimes
violentos na cidade, além da disputa acirrada entre traficantes por pontos de
drogas, outro agravante que tem se ramificado sorrateiramente principalmente no
interior do estado que são as chamadas chacinas executadas a mando do crime
organizado o que tem deixado a população
em pânico.
Especialistas e estudiosos no
assunto afirmam que a maioria desses jovens ingressa para o lado da
marginalidade por falta de opção, causas como desestrutura familiar, afeto e
convivência harmônica dentro de casa são agravantes que contribuem bastante
para a desqualificação do individuo como ser humano na sua formação. Fatores
como o desemprego tem mostrado a relação direta com o aumento da violência.
De
acordo com alguns Psicólogos o primeiro
emprego é o ponto de partida responsável pela formação do caráter, pois ele
mexe diretamente com a auto-estima do jovem, fazendo pensar em diferentes formas
de conseguir espaço na sociedade e ser reconhecido por ela, segundo Luana à partir do momento que os mesmos não
conseguem alcançar seus objetivos mediante a exigência do mercado e a falta de
qualificação profissional, o individuo torna-se vulnerável para os agenciadores
do tráfico.
O mercado negro das drogas
está cada vez mais precoce, e muitas vezes começam na escola com as chamadas
mulas ou aviãozinho do trafico, que são recrutadas a partir dos 13 anos pelos
traficantes para distribuir a mercadoria dentro da própria sala de aula. Alguns se tornam viciados ainda garotos e
para sustentar o vicio são obrigados a trabalhar vendendo drogas, e quando não
conseguem pagar suas dividas são executados para servir de exemplo para os outros.
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Há cerca de três anos, os índices de
homicídios e crimes violentos na cidade têm aumentado de modo alarmante em
relação a 2010, que era um homicídio para cada três meses, hoje o número
chega a oito mortes por mês e isso tem gerado discursão entre município e
estado. Já são mais de trezentas pessoas que perderam suas vidas. São mães
enlutadas que choram a mortes de seus filhos e famílias inteiras que vivem a
dura realidade de uma herança maldita deixada pelo submundo das drogas. Operações
policiais são executadas diariamente na tentativa de coibir assaltos,
homicídios e tráfico de drogas que não param de crescer chegando a ser a
terceira Cidade mais violenta do estado, ficando atrás, apenas de Rio Largo e
Maceió.
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Em Coruripe, o 89º Distrito
Policial funciona em uma casa que foi alugada e inaugurada em março de 2010,
não existe sela provisória no local, e o efetivo Policial é bastante resumido
com apenas dois policiais de plantão por semana, um chefe de cartório e um
delegado que está presente apenas três dias na semana. O mesmo é responsável
por mais três cidades além de Coruripe, Feliz Deserto, Piaçabuçu e em alguns
finais de semana está de plantão na regional de Penedo. Existe apenas uma
viatura caracterizada o que dificulta os trabalhos de investigações. Os
boletins de ocorrências são feitos sempre nos plantões da equipe, nos finais de semana a vítima tem que deslocar até
a cidade de Penedo para prestar queixa.
Antiga Delegacia em ruínas
O Delegado Fernando Lustosa, revelou que; já foram
registrados quarenta e seis homicídios apenas
no primeiro semestre deste ano ,os dados
abrangem Coruripe e região e cerca de 95%
deles foram causados pelo o trafico de entorpecentes, que envolve dívidas
com os chefões e guerra pelo espaço. Para Lustosa, quando o usuário deixa de
ser útil para o tráfico; isto é, resolve deixar de usar a droga, ele acaba se
tornando uma ameaça para o traficante e automaticamente e sentenciado a morte.
Em um levantamento feito
recentemente pelas Policias Civil e militar, descobriu-se que as áreas mais
perigosas estão localizadas no povoado Pontal em uma região chamada (Quilombo)
em Barreiras em uma localidade denominada (Buraco) e na Cidade em uma
comunidade também por nome de (Quilombo) e outra conhecida como Vassouras. Segundo
o delegado tramita na justiça um projeto de Lei chamado Pro Vida o qual já
funciona em alguns estados, que é a criação de regiões administrativas
integradas pela Policia Civil e Militar que tem o objetivo agir na disseminação
dos chamados crimes letais-violentos.
Delegado Fernando Lustosa
Segundo o mesmo está sendo
criado um conselho de segurança especialmente para o município. A previsão é
que até o início de julho deste ano comece a construção de uma delegacia em um
terreno já doado pela prefeitura. Ele falou também que tramita na justiça outro
projeto para Coruripe se transformar em
uma (AISP) 22º Regional o qual atenderá as Cidades de Jequiá ,Feliz Deserto
Teotônio Vilela e Junqueiro.
Para o promotor Dr. Nilson Miranda a violência é
fruto da nossa própria realidade, onde temos uma policia desestimulada,
despreparada, desqualificada e sucateada por parte do estado.
Nova delegacia não tem sela
Porém o Capº Givago, responsável pela 2ª Companhia de policiamento ostensivo na
região, discorda e fala que não existe um sucateamento da polícia nem um despreparo, mais sim dificuldades
que estão sendo superadas entre elas e a ( falta da mão de obra) o
policiamento de rua hoje é feito apenas com 10 homens para atender todo o
município 2 viaturas e 2 motos, as áreas periféricas consideradas de risco não
existe um patrulhamento diário. Segundo o Capitão a única maneira de combater
as drogas é; em primeiro lugar um acompanhamento de perto por parte dos Pais, ou
seja; uma boa base familiar,
principalmente na escola que é onde começa hoje o aliciamento dos
traficantes, a participação da população através de denúncias e um serviço de
inteligência já existente dentro da corporação, pra isso diariamente estão
sendo feito treinamentos e cursos de capacitação todos os policiais
trabalham hoje com pistolas 380mm e coletes a prova de balas doados pela
própria corporação.
CapºGivago 2ªcompanhia
Mães como a dona Maria Josefa,
que perdeu o filho recentemente em um acerto de contas entre traficantes e usuários,
culpa a falta de estrutura do estado e o descaso por parte das autoridades
competentes. O assunto e tratado, segundo ela “de uma forma banal e desumana”.
, ou seja; quando morre um usuário é só mais um viciado para compor um número de
mortes em alagoas. A cidade não dispõe de clínicas de tratamentos para
dependentes químicos, nem tampouco de programas de sentinelas que ajudem na
recuperação de viciados.
Esta reportagem conversou M.J. S 17 anos, que é usuário desde 13 anos, o jovem começou
na maconha e depois migrou para crack, já tem dois
assassinatos no currículo e algumas passagens pela Polícia, “segundo ele não
existe nenhuma organização no mundo mais disciplinada e radical do que o
tráfico de drogas, uma vez entrando não tem como sair ileso pois ele não
perdoa, se deixar, morre, se sair também morre, a cartilha que rege o crime
organizado é perversa não escolhe família cor ou raça. Ela não deve ser
subestimada por ninguém, nem pela própria polícia que em muitos casos fazem
parte do esquema. Na escola, por exemplo, o traficante trabalha
bastante organizado, alunos usuários são colocados dentro da sala de aula sem
nenhum problema, e ali começa o estágio e a escolha de futuros traficantes”.
Sede da 2ª companhia
Mediante tudo que pude apurar nesta reportagem, percebi que o
controle da criminalidade que esta ramificada não só no País mais especialmente
nas pequenas Cidades do interior, é um processo complexo que envolve uma
negociação delicada na busca da ordem social e que deve passar pelo respeito
aos direitos individuais. O esforço em diminuir a incidência de crimes envolve
não só a ação policial ou assistencial, mas uma cooperação entre diversas áreas
como o sistema educacional, de saúde pública, de Justiça Criminal, atividades
culturais, condições de moradia e emprego etc. A articulação adequada dessas
áreas, focada principalmente no público jovem, e o desafio para uma política de
segurança pública que possa trazer resultados positivos.