sábado, 15 de junho de 2013

Reportagem: Números de assassinatos em Coruripe obrigam autoridades rever plano de segurança para Cidade

No interior, especialmente em Coruripe, Cidade com cerca de 55 mil habitantes a violência tem feito nos últimos anos centenas de vítimas, são casos que vão desde a violência doméstica contra a mulher praticados pela própria família ,até homicídios ocorridos nas ruas envolvendo jovem das classes baixa e média, a idade varia entre  13 e 19 anos.

Só nesse primeiro semestre foram executadas cerca de 33 pessoas em Coruripe. A maioria é jovem entre os 15 e 18 anos, o crescimento do tráfico tem como saldo o aumento de crimes violentos na cidade, além da disputa acirrada entre traficantes por pontos de drogas, outro agravante que tem se ramificado sorrateiramente principalmente no interior do estado que são as chamadas chacinas executadas a mando do crime organizado o que tem deixado a população  em pânico.

Especialistas e estudiosos no assunto afirmam que a maioria desses jovens ingressa para o lado da marginalidade por falta de opção, causas como desestrutura familiar, afeto e convivência harmônica dentro de casa são agravantes que contribuem bastante para a desqualificação do individuo como ser humano na sua formação. Fatores como o desemprego tem mostrado a relação direta com o aumento da violência. 


De acordo com alguns Psicólogos  o primeiro emprego é o ponto de partida responsável pela formação do caráter, pois ele mexe diretamente com a auto-estima do jovem, fazendo pensar em diferentes formas de conseguir espaço na sociedade e ser reconhecido por ela, segundo Luana  à partir do momento que os mesmos não conseguem alcançar seus objetivos mediante a exigência do mercado e a falta de qualificação profissional, o individuo torna-se vulnerável para os agenciadores do tráfico.

O mercado negro das drogas está cada vez mais precoce, e muitas vezes começam na escola com as chamadas mulas ou aviãozinho do trafico, que são recrutadas a partir dos 13 anos pelos traficantes para distribuir a mercadoria dentro da própria sala de aula.  Alguns se tornam viciados ainda garotos e para sustentar o vicio são obrigados a trabalhar vendendo drogas, e quando não conseguem pagar suas dividas são executados para servir de exemplo para os outros.


 Há cerca de três anos, os índices de homicídios e crimes violentos na cidade têm aumentado de modo alarmante em relação a 2010, que era um homicídio para cada três meses, hoje o número chega a oito mortes por mês e isso tem gerado discursão entre município e estado. Já são mais de trezentas pessoas que perderam suas vidas. São mães enlutadas que choram a mortes de seus filhos e famílias inteiras que vivem a dura realidade de uma herança maldita deixada pelo submundo das drogas. Operações policiais são executadas diariamente na tentativa de coibir assaltos, homicídios e tráfico de drogas que não param de crescer chegando a ser a terceira Cidade mais violenta do estado, ficando atrás, apenas de Rio Largo e Maceió.

Em Coruripe, o 89º Distrito Policial funciona em uma casa que foi alugada e inaugurada em março de 2010, não existe sela provisória no local, e o efetivo Policial é bastante resumido com apenas dois policiais de plantão por semana, um chefe de cartório e um delegado que está presente apenas três dias na semana. O mesmo é responsável por mais três cidades além de Coruripe, Feliz Deserto, Piaçabuçu e em alguns finais de semana está de plantão na regional de Penedo. Existe apenas uma viatura caracterizada o que dificulta os trabalhos de investigações. Os boletins de ocorrências são feitos sempre nos plantões da equipe, nos  finais de semana a vítima tem que deslocar até a cidade de Penedo para prestar queixa.

                                          Antiga Delegacia em ruínas

 O Delegado Fernando Lustosa, revelou que; já foram registrados quarenta e seis  homicídios apenas no primeiro  semestre deste ano ,os dados abrangem Coruripe e região e cerca de 95%  deles foram causados pelo o trafico de entorpecentes, que envolve dívidas com os chefões e guerra pelo espaço. Para Lustosa, quando o usuário deixa de ser útil para o tráfico; isto é, resolve deixar de usar a droga, ele acaba se tornando uma ameaça para o traficante e automaticamente e sentenciado a morte.


Em um levantamento feito recentemente pelas Policias Civil e militar, descobriu-se que as áreas mais perigosas estão localizadas no povoado Pontal em uma região chamada (Quilombo) em Barreiras em uma localidade denominada (Buraco) e na Cidade em uma comunidade também por nome de (Quilombo) e outra conhecida como Vassouras. Segundo o delegado tramita na justiça um projeto de Lei chamado Pro Vida o qual já funciona em alguns estados, que é a criação de regiões administrativas integradas pela Policia Civil e Militar que tem o objetivo agir na disseminação dos chamados crimes letais-violentos.

                                          Delegado Fernando Lustosa

Segundo o mesmo está sendo criado um conselho de segurança especialmente para o município. A previsão é que até o início de julho deste ano comece a construção de uma delegacia em um terreno já doado pela prefeitura. Ele falou também que tramita na justiça outro projeto para  Coruripe se transformar em uma (AISP) 22º Regional o qual atenderá as Cidades de Jequiá ,Feliz Deserto Teotônio Vilela e Junqueiro.

Para o promotor Dr. Nilson Miranda a violência é fruto da nossa própria realidade, onde temos uma policia desestimulada, despreparada, desqualificada e sucateada por parte do estado. 

                   Nova delegacia não tem sela

Porém o Capº Givago, responsável pela 2ª Companhia de policiamento ostensivo na região, discorda e fala que não existe um sucateamento  da polícia nem um despreparo, mais sim dificuldades que estão sendo superadas entre elas e a ( falta da mão de obra) o policiamento de rua hoje é feito apenas com 10 homens para atender todo o município 2 viaturas e 2 motos, as áreas periféricas consideradas de risco não existe um patrulhamento diário. Segundo o Capitão a única maneira de combater as drogas é; em primeiro lugar um acompanhamento de perto por parte dos Pais, ou seja; uma boa base familiar,  principalmente na escola que é onde começa hoje o aliciamento dos traficantes, a participação da população através de denúncias e um serviço de inteligência já existente dentro da corporação, pra isso diariamente estão sendo feito  treinamentos  e cursos de capacitação todos os policiais trabalham hoje com pistolas 380mm e coletes a prova de balas doados pela própria corporação.

                     CapºGivago 2ªcompanhia

Mães como a dona Maria Josefa, que perdeu o filho recentemente em um acerto de contas entre traficantes e usuários, culpa a falta de estrutura do estado e o descaso por parte das autoridades competentes. O assunto e tratado, segundo ela “de uma forma banal e desumana”. , ou seja; quando morre um usuário é só mais um viciado para compor um número de mortes em alagoas. A cidade não dispõe de clínicas de tratamentos para dependentes químicos, nem tampouco de programas de sentinelas que ajudem na recuperação de viciados.

Esta reportagem conversou M.J. S 17 anos, que é usuário desde 13 anos, o jovem começou na maconha e depois migrou para crack, já tem dois assassinatos no currículo e algumas passagens pela Polícia, “segundo ele não existe nenhuma organização no mundo mais disciplinada e radical do que o tráfico de drogas, uma vez entrando não tem como sair ileso pois ele não perdoa, se deixar, morre, se sair também morre, a cartilha que rege o crime organizado é perversa não escolhe família cor ou raça. Ela não deve ser subestimada por ninguém, nem pela própria polícia que em muitos casos fazem parte do esquema. Na escola, por exemplo, o traficante trabalha bastante organizado, alunos usuários são colocados dentro da sala de aula sem nenhum problema, e ali começa o estágio e a escolha de futuros traficantes”.

                                           Sede da 2ª companhia

Mediante tudo que pude apurar nesta reportagem, percebi que o controle da criminalidade que esta ramificada não só no País mais especialmente nas pequenas Cidades do interior, é um processo complexo que envolve uma negociação delicada na busca da ordem social e que deve passar pelo respeito aos direitos individuais. O esforço em diminuir a incidência de crimes envolve não só a ação policial ou assistencial, mas uma cooperação entre diversas áreas como o sistema educacional, de saúde pública, de Justiça Criminal, atividades culturais, condições de moradia e emprego etc. A articulação adequada dessas áreas, focada principalmente no público jovem, e o desafio para uma política de segurança pública que possa trazer resultados positivos.


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